terça-feira, 30 de setembro de 2008

1976 - OLÉ DO PARTIDO ALTO VOL.2



LADO A:
1-Sonho do Tesouro (Edson Menezes-Roque do Plá) - Partideiro: Roque do Plá
2-Pisa na Canoa (Carlito-Vicente) - Partideiro: Carlito
3-Minha Sinhá (Arielson e Beto) - Partideiro: Arielson da Bahia
4-O Bom Remador (Preto Rico-Moacyr da Silva) - Partideiro: Preto Rico
5-Desfiada sem tutu (Dauro do Salgueiro-Ney Lopes) - Partideiro: Dauro do Salgueiro
6-Eu não sou molambo (Luiz Grande-Joaozinho da Pecadora) - Partideiro: Luiz Grande
7-Olha lá Tomé (Walter da Imperatriz) - Partideiro: Walter da Imperatriz

LADO B:
1-Sonho de festa (Dicró) - Partideiro: Dicró
2-Vamos se cuidar (Eliezer Gonçalves-Jorge dos Santos) - Partideiro: Eliezer da Ponte
3-Você tá é bebo (Edson Menezes-Baiano do Cabral) - Partideiro: Baiano do Cabral
4-Maria da Praia (Gerson Alves-Carlos Eugenio) - Partideiro: Nelson Cebola
5-Maria Devagar (Claudionor Santana-Betinho da Balança)- Partideiro: Betinho da Balança
6-Inteligência (Aniceto do Império) - Partideiro: Aniceto do Império

Boa noite aprendizes do Mestre! Aí vai a primeira pancada: o disco Olé do Partido Alto no seu segundo volume. Para quem não conhece essa é uma série de 4 discos de Partido Alto. O Carlinhos participa dos volumes 2 e 3.
Nem vou ficar comentando muito, só aconselho que peguem. Para quem gosta de partido alto é indispensável. Neste disco o Carlinhos estava impecável. É certo que quando gravava partido ele virava um monstro, mas nesse disco em especial ele faz de tudo no centro.
Considerando que muitas faixas são emendadas e cantadas na sequência, um errinho qualquer colocaria por água abaixo toda a gravação, acontece que ele não queria nem saber. Fez de tudo. Em algumas oportunidades podemos ouvir os "Solos centrados" que ele fazia, uma especialidade dele que mesmo sendo o centro do disco arriscava solos bem ritmados sem perder o balanço e sem exageros, na medida! Exemplos disso são os sambas "O Bom remador" e principalmente o samba "Inteligência" do Aniceto.
Sobre este último dá gosto de ouvir, o homem faz milagre e mostra toda a sua técnica no Sol Maior que era o tom que o mestre mais dominava, sem dúvida, principalmente quando se tratava de partido Alto, até por ser um tom propício para a afinação de bandolim, com diversas possibilidades. Tem também o fator Aniceto, todas as gravações feitas para o Aniceto o Carlinhos seguiu a mesma tendência. Aliás, tinham alguns intérpretes que o Mestre personalizou o estilo de tocar, como por exemplo para a Clara nunes (a partir do disco Claridade de 1975), Roberto Ribeiro, Bezerra da Silva. Quando gravava para um destes já executava no estilo próprio que se adequava à pessoa. Grande prova é esse samba inteligência, estilo que foi mantido no disco Partido Alto nota 10 anos após, e que, neste disco, se diferencia do estilo das outras 12 faixas que ele fez em outra pegada.

ESCUTE A AULA!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Apresentação!

"Tô nessa também com a rapaziada, gente boa, olha o balanço do meu cavaco aí"!
E que balanço, mestre!

É com muita satisfação e após muita pesquisa e dedicação que apresentamos o Blog do Carlinhos do Cavaco (do Cavaquinho ou do Conjunto Nosso Samba, como preferirem), cujo único objetivo é o de divulgar a sua obra, deixada para a posteridade nas inúmeras gravações realizadas em sua vida.

E quanta coisa ele gravou! Até hoje não se sabe exatamente e não se pode afirmar com precisão tudo o que esse malandro fez. O que se sabe é que sempre quando temos o sentimento vaidoso de que sabemos tudo dele, encontramos algo novo em um sebo por aí ou nas mãos de um parceiro de samba que nos mostra alguma raridade "desconhecida". É impressionante mesmo, chega-se a pensar que ele não era humano, ou então que na verdade era mais de um, pois tudo isso era feito em meio às longas viagens que fazia por todo território nacional e estrangeiro acompanhando os mais variados nomes da música para apresentações.
Para os que não o conhecem, o Carlinhos foi na opinião de muitos e na nossa, obviamente, o melhor cavaquinista de centro que já apareceu no Samba. Tocava na afinação de bandolim (Sol, ré, lá, mi, do grave para o agudo). Criou e desenvolveu uma maneira muito pessoal de tocar, priorizando elementos percussivos muito avançados na condução ritmica. Podemos afirmar com firmeza que Carlinhos do Cavaquinho era um repentista nas suas gravações, porque tinha o ritmo pulsando no seu coração, e carregava o Samba dentro dele. Não ficava pensando muito não, as coisas saiam naturalmente. Prova disso é a incrível versatilidade na condução do samba e de outros estilos musicais. Cada compasso era uma surpresa, cada música gravada trazia algo novo. O Malandro foi um verdadeiro artista, no sentido literal da palavra, onde a arte é a música. Um criador pela própria natureza!

Ele se projetou juntamente com seus parceiros do bairro da Saúde, na Guanabara, a rapaziada do Conjunto Nosso Samba, seu maior orgulho. E com os companheiros de boteco e de Samba do Conjunto ficou até o final de sua vida. Com os parceiros fez inúmeras gravações e espetáculos, sendo que tudo começou nas composições e apresentações para blocos famosos do Rio de Janeiro. A malandragem chegou às rádios. Participavam frequentemente em programas como "A voz do Morro" na Tupi e o de Francisco Camargo na rádio Rio de Janeiro, dentre outros. Com toda a cadência bonita passaram a tocar no teatro opinião toda segunda-feira. Bem sucedidos passaram a ensaiar toda semana sob o comando de Genaro Soalheiro, obsecado pela perfeição. E toda essa malandragem ensaiada deu no que deu! Carlinhos com a rapaziada gravou o primeiro disco do Conjunto Nosso Samba "De onde o Samba Vem" em 1969. Daí em diante foi uma enxurrada de discos, principalmente depois do sucesso das gravações com Clara Nunes em shows e diversos Lps.

Durante a década de 70 e a primeira metade da década de 80, Carlinhos foi o principal cavaquininsta do cenário, procurado para gravar tudo quanto é Samba, para todos os gostos e estilos, bem como outros estilos musicais, como Choro, Frevo, Marcha, Maracatu, Macumba dentre outros. Algumas gravações fazia com a rapaziada do Nosso Samba, no entanto em muitas outras somente ele era requisitado, o que fez com que tivesse gravado muita coisa sem os seus parceiros. Foram centenas de discos (isso se não atingiu mais de mil) que participou em, no mínimo, uma faixa.

Na segunda metade da década de 80, Carlinhos foi diminuindo o ritmo das gravações, época que coincidiu com o período em que o Samba tomou diversas apunhaladas tendo que ver toda a sua estrutura alterada pelos exploradores que não entendem nada. Escravizaram o Samba e, obviamente, quem o carregava no coração como o Carlinhos, perdeu espaço. No entanto continuou gravando para velhos amigos como o malandro Bezerra da Silva, sambista que acompanhou antes de falecer no início da década de 90.

Dentre muitos outros, Carlinhos gravou discos e fez apresentações acompanhando Aniceto do Império, Xangô da Mangueira, Jorginho Pessanha, Manacéa, Chico Santana, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Clementina de Jesus, Partido em Cinco, Bezerra da Silva, Alvaiade, Monarco, Genaro Soalheiro, Wilson Moreira, Roque do Plá, Ismael Silva, Cartola, Velha Guarda da Portela, Dona Ivone Lara, Candeia, Nelson Cavaquinho, João Nogueira, Padeirinho, Walter Rosa, Casquinha, Nadinho da Ilha, Paulo Moura, Sivuca, Babaú da Mangueira, Jorge Costa, Martinho da Vila Isabel, Silas de Oliveira, Edgard, Geraldo Babão, Preto Rico, Noel Rosa de Oliveira, Elza Soares, Zuzuca do Salgueiro, Elton Medeiros, Guilherme de Brito, Mano Décio da Viola, Beth Carvalho, Iracy Serra, Carivaldo da Motta (Pindonga), Alcione, Agepê, Gonzaguinha, Gracia do Salgueiro, Nei Lopes, todas as principais escolas do Rio de Janeiro nos discos de sambas de enredo, Tião Motorista e Grupo Favela.

Este blog será uma oportunidade para conhecer o tamanho da genialidade deste instrumentista, e por esta razão é que embora muita coisa seja bastante conhecida e fácil de ser encontrada, será publicada mesmo assim, para aqueles que são leigos e não conhecem a sua malandragem possam ouví-lo tocar. Ao longo do tempo serão publicados discos raros também. Não nos importaremos com a qualidade das composições, do(a) intérprete, nem da batucada. O que importa é catalogar os discos em que ele participou em no mínimo uma faixa. O importante aqui é a qualidade do cavaquinho que, se foi ele que gravou, é excelente e ponto final. A idéia principal, ousada pela falta de tempo devido as correrias do dia dia para o ganha-pão, é postar no decorrer do tempo o maior número possível de suas obras.

Contamos com a ajuda de todos, este blog não tem dono, aliás, tem, é do Carlinhos! Portanto qualquer contribuição, tanto com discos raros quanto com relatos de quem o conheceu ou sabe de alguma história dele, pode mandar um e-mail para carlinhosdocavaquinho@hotmail.com

Por fim, é bom esclarecer que alguns discos (os mais raros) nós que digitalizamos do Vinil, mas outros foram obtidos por meio de um amigo ou na própria internete. É impossível, em meio a um acervo grande, identificar onde o disco foi obtido, por isso, se alguém ouvir algum disco e notar que fez a digitalização, envie-nos um e-mail que colocaremos os créditos.

Está inaugurado o blog do Carlinhos do Cavaquinho.
"Carlinhos no cavaquinho fazia um centro perfeito e dizia pra todo mundo com esse cavaco eu quero respeito". Frase de Jorginho Pessanha na música "Que Samba é esse", gravado por ele em seu lp Samba Autêntico, acompanhado, claro, pelo Mestre.